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terça-feira

Chico Buarque é (in)TOCÁVEL
parte III: Sobre Budapeste


Era um odioso dia de inverno (vento e céu azul). Passei correndo na Livraria Cultura do Conj. Nacional durante minha hora de almoço. Queria muito comprar o novo romance do Chico.
Nunca havia lido nada dele, e pra dizer a verdade, até aquele momento eu não tivera nenhuma curiosidade em conhecer sua obra literária. Depois dele, aliás, continuei sem vontade.

Comecei quase que imediatamente a percorrer as primeiras páginas e reconheci o Chico "cotidiano" na linguagem e naquele famoso universo urbano-carioca-burguês,
porque o desejo de decifrar o porquê daquela capa confusa era imenso (1 x 0 pra Cia. das Letras). Era um passatempo interessante continuar a leitura do dia anterior dentro do ônibus abarrotado de gente. Foram poucos dias, apenas quatro pra ser exata.

Budapeste se encerra depois de 174 páginas e deixa um gosto irritante na boca, um "o que foi isso?" que eu não imaginava encontrar. Claro que o enredo surreal dá pistas de onde o livro vai chegar, e até que ele chega bem, inteirão, bem montado - uma frase ao final mostra as cartas escondidas no bolso do Chico, o blefe fatal. Mas é meio inaceitável reconhecer um gênero tão querido (a literatura fantástica de Borges e Cortázar) sendo diluído por Chico Buarque de Hollanda na proporção 1:100.

O suspense da história é vazio, quase desinteressante. Admito que o autor poderia ter usado qualquer outra tática para capturar o leitor INCLUSIVE essa, que me parece agora, depois de tê-lo lido há quase um ano, a única brincadeira que Chico aceitaria jogar. Se o lance dele sempre foi fazer a língua estalar e se enrolar, de brincar com fonemas, rimar antíteses, Budapeste só poderia ser mesmo um jogo de linguagem. Eu diria que é um livro sem alma.

Não tenho a menor dúvida de que daqui alguns anos a obra será usada em salas de aula de vestibulandos e universitários. Mas já aviso que não gostei da brincadeira.


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