Meu nome é Olívia Fraga, gosto de ler e é só isso que você precisa saber.
 
  * olifraga@gmail.com
Ah, a inteligentsiaPauta para Gilda Mattoso, autor...
Para iniciadosO ano começou bem no campo literário...
Leia de novoMas toda a lenga-lenga do post abaixo ...
Um péssimo ano para os livrosNão, não! Nem me atre...
Recortes de tempoJá em 1992, o Conservatório Dramá...
É bom, mas é ruimPreciso saber por que adoro odiar...
Esquerda X DireitaO candidato da esquerda tem amig...
The next worst thing, ou a sublimação pela arteÉ t...
Comida é pastoE não é que a culinária domina atual...
Às vezes eu perco a noção do ridículo. Perdoem pel...
 
 
 
  * outubro 2004 * novembro 2004 * fevereiro 2005 * março 2005 * abril 2005 * julho 2005 * agosto 2005 * novembro 2005 * março 2006 * julho 2006 * agosto 2006 * setembro 2006 * outubro 2006 * novembro 2006 * dezembro 2006 * janeiro 2007 * fevereiro 2007
 
  * Só Aborrecimento
* Chão
* Desagradável
* No Mínimo
* Jesus, Me Chicoteia




sábado

Páscoa e pipoca

Feriados provocam uma overdose de tudo na gente: de sono e preguiça até arrumações domésticas. Desta feita fiquei livre de limpar as gavetas. Ao invés disso, assisti um monte de filmes que faziam falta a minha cultura seinfeldiana. X-Men 1 e 2 (melhor adaptação de quadrinhos dos últimos anos), Confissões de Schmidt (melancólico demais para este frio sábado paulistano) e, por fim, Antes do Pôr-do-Sol. Ah, o tempo enrugou muito Ethan Hawke... É muita verborragia, mas eu gostei mesmo assim. Terminou na hora certa. Acho que Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol ficariam ótimos em livro. É por isso que eu continuo acreditando que uma boa história dá caldo em qualquer meio. Taí O Senhor dos Anéis.

0 comentários

quinta-feira

Lobão falou, Lobão avisou

Já vivi alguns momentos importantes nesta minha medíocre carreira jornalística. Nunca entrevistei Paul McCartney, presidente da República, Fernandinho Beira-Mar, Paulo Coelho. Mas posso dizer que conheço bem a dificuldade de esperar uma informação e ela não chegar, e o quanto isso revela sobre as pessoas e o mundo. Uma exclusiva com o Papa não revela nada sobre as idiossincrasias dos católicos, seus verdadeiros pecados e virtudes. Isso a gente só consegue aprender vendo gente na frente, falando com as pessoas. Talvez um dia eu queira fazer este tipo de jornalismo, que também não é o "jornalismo social" apregoado por aí.

A vida de alguém que começa a labutar em jornal, revista ou assessoria faz a gente desistir de prima ou seguir em frente com pose de batalhador. Como falei em posts atrás, me desiludi com o jornalismo e não o abandono por um pouco de preguiça e pela consciência de que não sei fazer outra coisa. Sou inapta mesmo. Devia ter insistido no piano clássico, mas dá muito trabalho ser virtuose.

O que não significa que, quando trabalho, sou ineficiente. Faço de tudo pra apurar, entrevistar. Cumpro minha função e perturbo mesmo. Já levei vários "como você é insistente, garota!", "não adianta ligar mais, fulano está viajando", "quantas vezes eu tenho de dizer que não quero falar?". Cinco minutos depois do orgulho ("bom jornalista é assim mesmo; mal visto, chato") chega a melancolia ao reconhecer que você é apenas mais um, fazendo um trabalho de inquisidor, e que o mais importante é ouvir sem precisar perguntar.

Essa semana me sinto exausta. Corri atrás de pessoas por telefone e por e-mail, em busca de uma informação besta. Você sabe quais são os 10 discos brasileiros mais vendidos da história? Eu não sabia. O leitor precisava saber. As gravadoras não querem que você saiba. A desorganização do mercado enche a imprensa de desculpas - "estamos em plena fusão", "o novo sistema está com defeito", "mas eu não posso parar o que estou fazendo pra te atender! Você quer que eu mexa em arquivos de 1960??" e outras vagabundagens perfeitamente compreensíveis. Todo mundo sabe que assessoria de imprensa está ali para atrapalhar, para burocratizar o sistema. Mas no caso de indústria cultural, é vergonhoso reconhecer que a má-vontade geral camufla um monte de mentiras. A interpretação é simples: a indústria fonográfica é podre e não
merece nosso respeito. A partir de hoje, quando eu vir aquelas ridículas cerimônias, Prêmio Visa, VMB, Faustão concedendo disco de platina, vou sentir ainda mais nojo. Nem que todas as assessorias de imprensa me atendessem, e eu conseguisse montar a lista com 10 nomes, o trabalho continuaria porco, falho, inválido. Nunca ninguém vai saber com certeza quantos discos foram vendidos, quantos CDs, fitas K-7... Nessas lambanças até o Roberto Carlos pode perder o trono.

Que falta de respeito.


0 comentários

quarta-feira

Chico Buarque é (in)TOCÁVEL
parte IV: concordâncias

Prometo evitar o tema "CBH" nos próximos meses.
Mas lembrei há pouco de uma entrevista engraçada com escritor Marcelo Mirisola, no Caderno 2 do Estadão (dia 20/02). O assunto era literatura, e o cara usou apenas sarcasmo para responder às questões. Na minha lembrança sobrou, além dessa sem-vergonhice em falar o que pensa, a alcunha "Chico 'Sambinha' Buarque". hehe. Mirisola execrou
Budapeste.

Agora não parece tanto, mas eu gosto do Chico, claro que sim. Minha coleção de CDs fala por mim.


0 comentários

terça-feira

Chico Buarque é (in)TOCÁVEL
parte III: Sobre Budapeste


Era um odioso dia de inverno (vento e céu azul). Passei correndo na Livraria Cultura do Conj. Nacional durante minha hora de almoço. Queria muito comprar o novo romance do Chico.
Nunca havia lido nada dele, e pra dizer a verdade, até aquele momento eu não tivera nenhuma curiosidade em conhecer sua obra literária. Depois dele, aliás, continuei sem vontade.

Comecei quase que imediatamente a percorrer as primeiras páginas e reconheci o Chico "cotidiano" na linguagem e naquele famoso universo urbano-carioca-burguês,
porque o desejo de decifrar o porquê daquela capa confusa era imenso (1 x 0 pra Cia. das Letras). Era um passatempo interessante continuar a leitura do dia anterior dentro do ônibus abarrotado de gente. Foram poucos dias, apenas quatro pra ser exata.

Budapeste se encerra depois de 174 páginas e deixa um gosto irritante na boca, um "o que foi isso?" que eu não imaginava encontrar. Claro que o enredo surreal dá pistas de onde o livro vai chegar, e até que ele chega bem, inteirão, bem montado - uma frase ao final mostra as cartas escondidas no bolso do Chico, o blefe fatal. Mas é meio inaceitável reconhecer um gênero tão querido (a literatura fantástica de Borges e Cortázar) sendo diluído por Chico Buarque de Hollanda na proporção 1:100.

O suspense da história é vazio, quase desinteressante. Admito que o autor poderia ter usado qualquer outra tática para capturar o leitor INCLUSIVE essa, que me parece agora, depois de tê-lo lido há quase um ano, a única brincadeira que Chico aceitaria jogar. Se o lance dele sempre foi fazer a língua estalar e se enrolar, de brincar com fonemas, rimar antíteses, Budapeste só poderia ser mesmo um jogo de linguagem. Eu diria que é um livro sem alma.

Não tenho a menor dúvida de que daqui alguns anos a obra será usada em salas de aula de vestibulandos e universitários. Mas já aviso que não gostei da brincadeira.


0 comentários

segunda-feira

Chico Buarque é (in)TOCÁVEL
parte II: desconstruindo o mito

Gostaria de homenagear o Sr. Roberto de Oliveira, diretor da série de documentários sobre Chico Buarque de Hollanda exibida pela DirecTV. Mesmo embalando tudo com uma roupagem excessivamente elegante - uma hora o artista caminha pela orla da praia carioca mais chique; depois, vai a Paris, a Roma - e vídeos assustadoramente emblemáticos da carreira do compositor, ele conseguiu fazer o Chico parecer um homem real.
Sempre achei que Chico não fosse o cara tímido que pintavam por aí, nem tampouco o vermelhinho engajado até o pescoço (afinal de contas, ele não entrou para a guerrilha armada e seu exílio não teve nada de tão triste). As encrencas com a censura nascem da contestação óbvia ao AI5. Sem liberdade de expressão, Chico não conseguia publicar sequer uma letra com a palavra "pêlos". Ele lutava contra a ignorância dos militares, e creio que isso era tudo.

O documentário mostra que Chico sabe conversar, sabe sorrir, reconhece seu sex appeal e admite não ser pioneiro em muitas das coisas "originais" que faz. Vai desfilando uma porção de nomes quando o roteiro pede explicações sobre sua "alma feminina". Por outro lado, uma faceta por anos ofuscada é sublinhada pela edição de Roberto: Chico é melhor compositor quando está acompanhado (Francis Hime é seu parceiro mais profícuo), e principalmente quando compõe com um roteiro na cabeça - vide as canções com Edu Lobo nos espetáculos "Cambaio", "Ópera do Malandro", e em projetos como "O Grande Circo Místico".

0 comentários

Design: Marcio Caparica