Minczuk é rei
Senti-me ligeiramente vingada neste domingo, ao ler reportagem de Daniel Piza sobre o "maestro número um do Brasil", Roberto Minczuk. A matéria tá babando sobre ele, chega a criar um certo desconforto (expõe-se que os músicos da Osesp preferem trabalhar com Roberto ao invés de John Neschling - tudo bem que isso não é novidade...), mas confesso ter sorrido por dentro quando o regente falou: "somos todos [ele e sua família] evangélicos, por tradição e convicção".
Exatos sete dias atrás, o Estado publicou um dossiê sobre a Igreja Católica que pingava veneno - sem assumir riscos, seus repórteres vestiram mais uma vez a carapuça do preconceito e escreveram absurdos, senão inverdades, a respeito do comportamento dos evangélicos. Eles assumem de antemão que somos todos iguais, ignorantes, imbecis, acéfalos, pobres e explorados. E afinal, não era para ter falado sobre a Igreja Católica? Como jornalista e evangélica, sem desejo de levantar bandeira pra ninguém a princípio, me sinto ultrajada com esses comentários sumários. É de uma leviandade absurda querer pregar a tolerância entre as raças, os credos e as torcidas de futebol, e esquecerem completamente do mínimo respeito que se deve ter com a religião dos outros. O tratamento ao candomblé deve ser parecido; só se enxerga o culto afro com olhos neutros quando há algum artista envolvido, algum Caetano Veloso querendo enaltecer à la Gilberto Freyre nosso sincretismo, nossa miscigenação. Fora isso, a imprensa acha tudo uma grande "macumba", "um transe coletivo".
Defendo o livre exercício de opinião em jornais - aliás, o fato de eu ler o Estadão prova isso, já que provavelmente ele é o único com algum resquício crítico no Brasil - mas nessas horas fico em dúvida se essa liberdade toda descamba para a falta de respeito.
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2 Comments:
Passei pra dar uma lida e deixar um "oi". Tenho saudade de textos seus como esse :)
Queria que vc escrevesse mais, mas sei como é.
Beijos
Oi, Olívia! Vc deve ter ficado triste com um comentário meu preconceituoso outro dia desses, q fiz sem saber q vc é evangélica. Mas quero q saiba q para mim aquele fora, apesar de tão desconcertante, foi bom e até necessário para que eu aprendesse mais uma lição nessa vida. Mudei depois daquilo. Mudei depois de te conhecer. Um grande abraço. Vc ganhou uma admiradora. Renata
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